quinta-feira

Pergunte ao Pe. Augusto


Se você quer saber a caminhada da Igreja no Brasil no que tange aos meios de comunicação pergunte ao Pe. Augusto. Estudioso sério deste fenômeno e detentor de uma irônia fina, domina como poucos esta área, tão complexa quanto estratégica. Li um seu artigo no jornal "São Judas", que depois encontrei de novo na revista "Ir ao Povo". Transcrevo agora pra você. Depois me diga se tenho razão ou não.


O Católico de um padre só
- É da Igreja São Judas?
- Sim.
- Eu procuro um padre especial. Aí tem?
- Nós aqui somos padres do Coração de Jesus. Serve?
- Olha, eu não conheço nenhum daí. Mas eu queria um padre que fosse especial. Assim...moderno, aberto, compreensivo, simpático...É para o meu casamento, sabe? Os meus convidados são pessoas especiais. Eu queria um padre também especial.
- Nós somos padres sem título. Serve?
- Pela sua atenção, vejo que aí não tem padre especial. Eu vou procurar em outra igreja.

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A gente não sabe se é novo tipo de padre ou novo tipo de católico. Ou ambos. O que não é nada bom nem para o padre nem para o católico. Reduzem a religião e o padre a uma relação de elogios mútuos, superficiais, frívolos, de bajulação recíproca. E de exploração, porque a pessoa alardeia seu prestígio entre as amigas com a qualidade do seu padre especial.
São pessoas que se dizem religiosas, porque fazem da religião uma apólice de seguro de vida e plano de saúde; o santo, pistolão junto a Deus; os ritos sagrados, mágica; Deus, agente de segurança contra sequestros, roubos e acidentes...O padre especial é mais ou menos avalista de tudo isso.

A secretaria paroquial passa a agenciadora de estrelas para shows por vezes sacramentais especialmente eucarísticos...O padre torna-se efeito especial das celebrações, fazendo da Igreja o teatro e, do altar, o palco onde desfilam vaidades. Jesus Cristo é light: escondem o sal que dá o sabor do evangelho e o fermento que faz levedar a massa. Com certeza já existe o católico de um padre só.
Porém, se alguém quiser ser uma árvore de natal, seja, mas não faça o padre de bolinha colorida. Isso significa que, se você gostar do ridículo, não ridicularize o sacerdócio de Cristo presente no padre.

Enquanto só você pensar que o seu padre é especial, tudo bem. O problema será seu. Pior é se o seu padre também acreditar!

Um comentário:

Anônimo disse...

Tinha lido este comentário na Ir ao Povo. Para mim que que trabalho numa secretaria de paróquia há quase 10 anos não é novidade. As pessoas procuram padres que possam corresponder às suas necessidades, e as mais diversas, como esta que lemos.
Realmente querer personalizar o padre ao gosto do freguês é demais!!! Mesmo com muita boa intenção!!!